Desafio: esqueça sua desculpa por um dia e #vadebike para o trabalho
Adquiri uma bicicleta há 2,5 meses e até hoje pedalei 475 km, a maior parte no percurso casa-trabalho que tem 6 km e leva 20 minutos. Usar bike no dia-a-dia ajuda a mim (saúde, bolso, humor) e também aos outros habitantes da cidade.
Este não é um manifesto anti-carro, pelo contrário, os automóveis são muito úteis, têm importância vital em nossos deslocamentos longos e também na economia do país; o que proponho aqui é um teste, uma reflexão para a mudança de nossa rotina e o uso dos meios de transporte segundo suas vantagens.
Amsterdam, capital da Holanda, tem nas bikes um de seus principais símbolos, inclusive há um tipo de bike que é chamada de “holandesa”, tão grande é a ligação da capital com as magrelas. Após conhecer a cidade e voltar para a rotina em São Paulo, em que usava carro, taxi ou ônibus, notei a diferença de qualidade de vida que eu teria se pudesse me locomover de maneira mais inteligente.
Na semana seguinte ao retorno da viagem de férias em que conheci a capital da Holanda, o trânsito de São Paulo estava tão caótico (quanto sempre) que tive que voltar a pé para casa 3 vezes num período de 5 dias úteis, caminhando os 6 km entre o trabalho e casa com mochila nas costas, e ainda assim cheguei em 40 minutos, mais rápido que nos dias que voltava de ônibus, taxi ou carro – já levei mais de 1 hora para percorrer os mesmos 6 km usando automóvel.
Imediatamente percebi a diferença que uma bike poderia fazer na minha rotina, eu poderia me movimentar de maneira mais inteligente pela cidade, e ainda faria um excelente exercício físico diário. Eu já vinha conversando sobre o assunto frequentemente com o amigo e colega de trabalho Fernando Mafra, fiz uma intensa pesquisa p/ achar o melhor modelo de bicicleta de acordo com meu gosto pessoal, liguei em importadoras e lojas e, dia 30 de maio, fui até a FreeCycle no bairro de Perdizes e saí com minha Nirve Classic.
Desde a aquisição da minha bike, dia 30 de maio de 2012, já pedalei 475 km, queimando 14.000 calorias, a maior parte em viagens de 6 km (percurso casa-trabalho) que duram 20 minutos. Hoje percebo como minha vida melhorou após adquirir o hábito de pedalar diariamente, eu chego no trabalho mais disposto e bem humorado, estou fisicamente mais resistente, me estresso menos com os congestionamentos e atrasos gerados por eles e gasto 4 vezes menos dinheiro com transporte – o tanque de combustível do carro, que antes durava 15 dias, agora dura 45 dias pois uso o automóvel apenas nos finais de semana.
Ir de bike para o trabalho é, inclusive, uma conexão com a criança que há em cada um de nós, não há quem ande de bike pelas primeiras vezes após adulto e não lembre da diversão de pedalar pela vizinhança aos 8, 10 anos de idade. Pedalando temos uma nova conexão com sua cidade, entendemos melhor as nuances das vias, das curvas, observamos os pedestres, ciclistas e motoristas com quem cruzamos.
É muito comum que pessoas que adquirem o hábito de pedalada cotiana se tornem militantes da causa, tal qual um novo-crente que descobriu as qualidades do cristianismo recentemente, um ciclista quer espalhar seu estilo de vida pela cidade e fazer a vida de todos melhor. Ao contrário do que normalmente ouvimos, o hábito de pedalar não melhora primariamente a vida alheia, não! Pedalar melhora, primariamente, a sua própria vida – pelos motivos citados no parágrafo anterior – e secundariamente a vida alheia – pois a cidade tem um carro a menos nas ruas e um cidadão mais saudável no médio-prazo. Um paulistano perde em média 3 anos de vida por causa da fumaça dos carros.
Da mesma forma, quem diz “eu queria muito poder ir para o trabalho de bicicleta, mas…” tem uma desculpa, e não pense que escrevo “desculpa” de maneira pejorativa, muitas vezes as desculpas são aceitáveis, sinceras. Mas “minha região tem muita ladeira”, “o trânsito é violento”, “eu chegaria no trabalho muito suado”, “é muito longe”, “eu não tenho bicicleta” são só isso, desculpas. Sabe por quê? Porque quem precisa ir de bike não usa desculpas, e vai. 7% dos ciclistas cotidianos do país são das classes A e B, portanto, 93% dos ciclistas cotidianos do país são das classes C, D e E, muitas vezes por não ter desculpas (fonte: pesquisa do Metrô de São Paulo).
Proponho, portanto, o seguinte desafio: Essa semana, deixe sua desculpa em casa por um dia e #vadebike até seu trabalho. Peça para outra pessoa deixar as crianças na escola por um dia, ajuste sua agenda de reuniões para conseguir ir com uma roupa um pouco mais leve, alugue uma bike por um dia se você não tiver uma em casa, respire fundo e faça o seu caminho casa-trabalho pela primeira vez fora da bolha de vidro e aço que normalmente usamos. Depois conte aqui nos comentários, no Facebook ou Twitter, como foi sua experiência. Use a tag #vadebike para descrever sua experiência, assim fica mais fácil de monitorarmos quem deixou as desculpas na garagem e topou o desafio de pedalar durante um dia.
- “Cada Real que fosse investido em reduzir a poluição renderia 8 reais de retorno para a cidade.”
- “[Em São Paulo] os médicos legistas não conseguem mais saber se uma pessoa é fumante ou não”, sobre a poluição na cidade
- “No Brasil, temos condições de fazer política pública baseada em ciência sólida. Mas os políticos ficam engraxando os sapatos dos setores econômicos que financiam as campanhas.”
- “Quando comecei a dar aula, uma secretária me falou: ‘não venha mais de bicicleta’. Era um conselho bem-intencionado, que revelava a visão dela do que era ser um professor.”
- “Poluição é problema de país pobre, não de país rico.”
As frases acima são do médico Paulo Saldiva, um dos maiores especialistas do mundo em poluição, professor e pesquisador da USP e de Harvard, ciclista, que deu uma entrevista para a Revista Vida Simples, Edição Especial #6, agosto de 2012.
Ninguém conta, mas há um clube secreto dos ciclistas, em que uns ajudam e apoiam os outros, e ao se cruzar pelas ruas, se cumprimentam pensando “um carro menos”.
Concordo Mas, acho que deveria ter mais respeito daqueles motoristas, q não aderem as bicicletas, e incentivo dos nossos governantes, contruíndo ciclovias, e ao mesmo tempo colaborando com menos emissão d poluentes.
Faça parte da maior rede social para ciclistas!
E tem aquela velha desculpa batida: Mas é os deficientes? os idosos? as mulheres com criança? as pessoas que levam cargas?
Ora, a imensa maioria da força de trabalho tem idade e saúde compatíveis tanto com o uso da bicicleta quanto do transporte público. Abandonando o carro como meio de transporte, facilita a vida de quem tem difuculdades de locomoção.
Em tempo, meus avôs, meu pai, minha mãe não tem carro. Eu tenho um filho pequeno e não tenho carro. A vida não depende do motor.
Bacana Marco, achei que estava sozinho nessa causa. Já vou de bike ou caminhando para o trabalho a bastante tempo. Não sao 6km mas sao 3km, mas é o suficiente para sentir o quanto é bom.
É ridículo ver como uma simples atitude positiva muda seu dia e mais ridículo ver pessoas que ridicularizam ou colocam obstáculos fúteis como desculpa para isso.
Bom pedal!
Ah, tá, 42km na avenida brasil, sempre no sentido do rush. Vou pedalar costurando entre a faixa expressa e os caminhões. Numa bicicleta que me custa um mês de trabalho. Desculpa, mas… não.
Eu nao falei p/ vc fazer todo dia, fiz uma proposta de que vc faça a viagem uma vez, para saber como é.
Eu não falei p/ vc comprar uma bike, até recomendei que alugue uma.
Atletas pedalam centenas de km em treinos, eu e meus amigos do Clube do Irmão Bicicleteiro, com bike urbana e sem treino específico, pedalamos 48km nos sábados de manhã, de brincadeira.
Mas tudo bem, todo mundo tem uma desculpa…
Adoro andar de bike mas acho que às vezes é impossível mesmo contornar a “desculpa”. Tipo, eu moro a mais de 50Km do trabalho, aí fica dificil!
Mesmo assim abandonei o carro para trabalhar, transito, poluição, stress… não rola, depois de quase 3 anos voltei a ir pro trabalho de transporte publico, motivado também por trabalhar fora do horário de pico, onde enfrentar o transporte publico é desumano e por uma troca de empresa, na empresa onde trabalhava antes fazia esquema de carona com amigos.
Enfim, às vezes a “desculpa” pra não fazer algo pode até ser válida, mas isso não significa que você não tenha outras opções.
Meus parabéns pela iniciativa! Muito bom!
Adoraria fazer o mesmo mas em minha cidade (Campinas/SP) o meu trajeto Casa-Trabalho possui lonngaass subidas, o que faria com que eu suasse bastante. Certo, posso tomar banho em meu trabalho, mas infelizmente aqui não possui um lugar adequado….
Mas parabéns!
Abraço!
Muito bom Marco. Adiquiri hoje minha bike pensando exatamente em todos esses tópicos que falou aí. Achei muito interessante o ponto sobre ativar o lado criança novamente.
Vou relatar minhas primeiras experiências ao ir de bike para o trabalho.
Abraço!
Uma das desculpas clássicas é o suor. Claro que pode ser um incômodo, principalmente para aqueles que precisam trabalhar de terno ou roupas mais formais, mas mesmo assim há solução.
Algumas dicas
1) Desodorante antes e reforço depois
2) Pedale com uma roupa leve e leve a de trabalho na mochila (use aquelas pastas duras de plástico para não amassá-las). Ou então arranje um espaço para deixar algumas roupas no escritório.
3) Ao chegar no trabalho, deixe a circulação baixar e vá para o banheiro se secar, lavar o rosto e trocar de roupa.
4)O suor só cria mau cheiro se ficar durante muito tempo em regiões de pouca ventilação, como o sovaco e pés. Basta passar a toalha ou um lenço umedecido nas áreas mais críticas para tirar o excesso.
5) Em outro emprego, acertei com uma academia próxima o uso do banheiro deles para tomar uma ducha. Pagava uma mixaria e ainda deixava a bike estacionada por ali.
Pensei várias vezes em fazer isso, pretendo fazer em breve.
Existem vários empecilhos pra eu fazer isso, moro em Goiânia, não existem ciclovias no caminho para o meu trabalho, demoro uma hora e meia de ônibus pra chegar ao trabalho, não sei quanto tempo levaria pra chegar de bike, mas pretendo fazer brevemente.
O problema é que aqui, ciclista não tem vez.
Marco,
Há anos uso bicicleta para meus deslocamentos. Como as crianças estão crescendo e necessitando que eu as transporte de carro, as possibilidades de uso da bicicleta foram diminuindo. Depois de muito pensar resolvi comprar um bike dobrável (Dahon – Speed D7) e tudo mudou. Hoje pedalo diariamente algo em torno de 10km. Muitas vezes deixo as crianças em algum lugar (escola, casa de amigo…), levo a bicicleta no porta-malas. Deixo carro neste lugar e volto para casa de bicicleta. Volto de bike para buscá-los, dobro e volto de carro. Moro em Macaé-RJ e por aqui o trânsito também tem estado caótico e os percursos de magrela tem sido mais rápidos.
Abraço
Wilson
olá, vcs tem a fonte, isso é, o link, ou ao menos o nome dessa publicação do metrô de SP onde tem essa pesquisa da distribuição de ciclistas por classe?