Nunca procure emprego! O prefácio que escrevi para a edição brasileira do livro de Scott Gerber
Never Get a “Real” Job é um tapa na cara.
Fui convidado pela editora Évora para escrever o prefácio da edição brasileira do Never Get a “Real” Job, de Scott Gerber. No livro, o autor, a partir de sua experiência como fundador de vários negócios, mostra ao leitor como criar uma empresa e geri-la de modo a superar as dificuldades típicas da fase inicial, fazendo-a crescer ao longo do tempo.
A edição nacional tem também conteúdo de @bobwollheim, Profª Esther Carvalho, @chebante, @neigrando, @rodrigombrito, @creativeadviser e @rogeriocher.
Para comprar, recomendo ir direto ao site da editora Évora.
O Prefácio de “Nunca Procure Emprego!”
O livro que você está para ler é um tapa na cara, mas não um tapa na cara gratuito. Este é o tapa que você precisa levar para ficar esperto.
As histórias de empreendedores nos inspiram, principalmente por mostrar como tudo é lindo, como as dificuldades são fáceis de superar e como as soluções surgiram em momentos de “eureka”. Eu posso dizer, como empreendedor no meio da jornada, que não é assim.
Cresci no Gama – cidade na periferia de Brasília, DF – que como em toda periferia, há regiões e épocas de maior violência. Meu pai foi viciado em drogas, nossa família quase acabou várias vezes durante minha infância, até ele se converter ao cristianismo. Traficantes mataram a pedradas meu primo, por causa de uma dívida de duzentos reais. Fui assaltado algumas vezes durante a adolescência e quase morri (de susto) algumas outras, fugindo de inúmeras enrascadas. Acho que foi assim, na marra, no meio de muita confusão, que aprendi a lidar com o risco.
Eu mal tinha 19 anos e a vida já era outra. Tinha conseguido sair daquele ambiente, estudava em uma das melhores universidades federais, trabalhava na maior agência de publicidade digital do Brasil, era líder de uma equipe com 15 programadores (quase todos mais velhos que eu) e arrisco dizer que fazíamos parte da vanguarda da tecnologia na área. Tinha acabado de comprar um carro, morava sozinho em uma bela área de Brasília, a 15 minutos do trabalho, ganhava melhor que qualquer um dos meus amigos, tinha tempo livre, me alimentava bem e fazia exercícios físicos. Muitos me incentivavam a fazer um concurso público e ir melhorando lentamente meu padrão de vida. Até parecia um bom conselho, mas algo me dizia que dava para ir além.
Programando em casa nas madrugadas, com ajuda de bons amigos, criei um protótipo de propaganda para blogs que mudaria meu padrão de vida… para pior. Pelo menos por algum tempo.
É isso que um empreendedor faz no início, ele abre mão do conforto pessoal, pois está focado no objetivo.
Para criar minha empresa no mercado com maior potencial, precisei me mudar para São Paulo, uma metrópole completamente desconhecida, comer miojo na frente do computador algumas vezes por semana, morar de favor na casa de amigos. Quando a situação finalmente melhorou, consegui alugar um quarto pequeno, que tinha mofo nos cantos e ratos fazendo barulho no forro. Precisei ficar sem carro por anos. Tive que aprender a entender pessoas muito diferentes de mim. Nos almoços com investidores, precisei aprender a usar todos aqueles talheres.
Tem dado certo. Hoje moro em um apartamento bem mais bacana (e sem mofo) em um bairro de classe média alta de São Paulo. Me caso nas próximas semanas em uma cerimônia pequena, mas muito charmosa e quero conhecer os cinco continentes com a minha futura esposa nos próximos cinco anos (já conhecemos dois). Em conjunto com meus sócios e equipe, criei uma empresa multi-nacional com quase uma centena de funcionários, já recebemos milhões de dólares de investimentos e faturamos muitos milhões por ano. Ajudamos milhares de anunciantes (de indivíduos a multi-nacionais) a anunciar em centenas de milhares de sites e blogs. Criamos nosso modelo de negócios e somos considerados uma das empresas mais inovadoras da América Latina. Mas a jornada não acabou e não me considero um empreendedor provado. Como empresa, não chegamos nem à metade do caminho que queremos percorrer, mas a situação já é muito melhor. É uma amostra do futuro que nos espera.
No empreendedorismo, muitas vezes, as dificuldades parecem intransponíveis, a competição é sempre desigual e normalmente você está do lado mais fraco. Quando encontra uma muralha, o bom empreendedor não se lamenta, mas procura uma brecha, por menor que seja, cava, contorna, transpira, se suja de terra – e nem sempre encontra uma saída. Daí tenta de novo.
Se posso te dar uma dica, tenha humildade. Você pode até ser um gênio, mas estará cercado de outros gênios ou de imbecis muito mais fortes que você. No meio deles, uma idéia só terá valor se for se for bem executada. Cerque-se dos melhores. Se eu não tivesse meus sócios e equipe, minha empresa não teria crescido e eu ainda estaria lá naquele quarto dos cantos mofados, comendo miojo, ouvindo os ratos.
Quando se está começando, ninguém se importa de verdade com o que você está fazendo. As portas são fechadas, reuniões são desmarcadas em cima da hora, seu nome é esquecido e te confundem com aquele outro cara daquela outra empresa: “como é mesmo seu nome?”.
Você pode aprender a fazer as pessoas lembrarem quem você é e o que faz. Você pode mostrar para elas o quanto seu trabalho mudará tudo na indústria e fazê-las acreditar. Mas nada disso virá facilmente. É preciso abrir mão do conforto pessoal em prol do seu objetivo, crer quando outros duvidam, enxergar potencial onde ninguém vê futuro.
Nem vou perguntar se você está preparado, eu não estava e acho que ninguém está pronto para fazer o que nunca fez. A pergunta é: Você aguenta?
Se você acha que aguenta, este livro vai te ajudar a se preparar.
Para comprar o livro, recomendo ir direto ao site da editora Évora.
Excelente texto, Marco!
A parte mais legal de todas é justamente de nos rodearmos de pessoas mais inteligentes do que a gente. O maior sinal de perigo é quando você é a pessoa mais inteligente da sala. Não significa que a gente é brilhante, mas sim que estamos rodeados de Bozos que só vão atrasar a vida.
O lifehacking mais fácil e divertido é sempre buscar gente boa e interessante pra continuar questionando e fazendo a gente crescer.
Tudo de bom pro casório!
Nossa! Estava aqui revisitando posts antigos e notei seu comentário. Que honra! Obrigado por deixar sua colaboração, já ouvi muitos elogios ao seu projeto de educação empreendedora :)
“Antes da ruína, gaba-se o coração do homem e diante da honra vai a humildade.” Provérbios 18.12
Estimado Arata, muitos “bozos” a que refere-se de forma subjetiva são essenciais para o fomento de todo e qualquer produto e serviço. Não sou adepto a comentários como o que fez, acho isso degradante e sem respeito.
Pessoas são como estrelas, existem bilhões em nosso gigante universo…algumas brilham mais que outras, cada qual ocupa sua posição e com maestria e sinergia, mas existe um equilíbrio em todo sistema, formação e galáxias.
De forma simples e nada genial, existem espaço e função para todos, independentemente da ocupação, cargo ou status social. Certamente há espaço, respeito e direito a todos!
Tomando como referência sua analogia e de forma bem binária, eu, vc e outros, somos todos bozos.
Mas nem tudo que reluz é outro. O sucesso e bem estar na vida não está relacionado somente a somar patrimônio, quantias e valores de dinheiro, tão pouco a posições em hierarquias. A vida nos dá diariamente “em formas mais simples e gratuitas A TODOS”, as mais belas criações e sensações de se sentir vivo.
E pra completar este lindo palco como protagonistas, precisamos SERhumanos.
Irei comprar!
Vc deveria escrever um livro!
FUI
Muito bom, Marco. Inspirador. Sou seu grande fã.
Excelente texto. Empreendedorismo na veia!
Excelente Marco,
Inspiradora sua história. Talvez essa seja a melhor parte desse processo contínuo, inspirar pessoas.
Abraço,
A mais pura verdade, canso de me sentir assim.
O pior é as pessoas pensarem que somos inúteis e não temos conhecimento, ou que estamos brincando de sonhar, ou que criar algo inovador é coisa para quem tem o pai rico.
Lindo texto Marco, super inspirador!
Ótimo texto. O verdadeiro empreendedor é esse, que arrisca a voltar um degrau, confiando que essa decisão vai ajudar a levar até o final da escada.
Muito legal a história!
Muitas vezes sinto uma vontade enorme de largar tudo e ir atrás do meu sonho, porém é um pouco complicado largar o carro quando sua família precisa dele por motivos de saúde, só um exemplo.
Mas ainda vou conseguir!
Cool Marco, excelente argumento. Grande abraço! @creativeadviser :)
Parabéns Marco Gomes.
Tu é um grande exemplo de superação no dia a dia com tantas responsabilidades.
Abraços.
Josué.
Sou natural de Brasília de também, mas ja tenho 38 anos, destes 14 foram dedicados ao transporte de cargas fracionadas e lotação. Atualmente moro em Guarulhos SP e estou procurando uma colocação no mercado ou alguém que ouça a minha idéia de uma ferramenta WEB que integra serviços logísticos e de transportes no modal rodoviário. Se vc ou alguém quiser me ouvir tenho todo o plano de negócios e neste se inclue o pulo do gato… Quem vai pagar pelo serviço…
Sua trajetória e admirável e aguardo seu retorno
Jafé Rezende
11 3427-5522
Nextel id 85*19521
[email protected]
Achei arrogante.
Obrigado pelo feedback :) Vc pode dizer em que parte, especificamente, achou arrogante?
Não tinha lido seu blog e acabei aqui por procurar assunto sobre o livro, Mas agora Marcos te vejo diferente,encontrei voce em alguns encotro e a minha visão um nerd playboy
que teve tudo facil.
Parabens pelas Conquistas e que venhão outras
Richard Wagner
Muitas pessoas hoje em dia não se preocupa em crescer na vida e ter condições e qualidade de vida melhor. O que vejo e pessoas que fica no mesmo emprego até seu ultimo dia, mas alguns casos da para entender, pois nem sempre a condições ou tempo para crescer. Digo isso por que minha mãe sempre trabalhou para cuidar de mim e minha irmãs, mas logo minhas irmãs cuidarão de mim e minha irmãs mais nova e tiverão que estudar e trabalhar. Nesse caso minha mãe não termino os estudos e minhas irmãs não tiveram como correr a traz de uma faculdade ou algo do tipo. Digo isso tudo apenas como exemplo, pois hoje eu assim como muitos sigo minha vida e minha rotina de trabalho, mas diferente de minha mãe e irmãs tenho,hoje eu tenho mais tempo e condições para crescer na vida e hoje no corre corre do dia dia procuro com o pouco tempo que tenho me qualificar para ter meu negocio próprio.
Olá Marco, achei bacana as suas observações. Me identifiquei com algumas de suas experiências. Vlw, forte abraço.