a nuvem das bigtechs é a nova fábrica e nós somos trabalhadores alugando ferramentas?

a imagem mostra um muro de concreto cinza, um pouco gasto, com grama seca na base. no centro, escrito em spray preto, aparece a frase “you are not a tech bro. you are a modern day factory worker”. em português: “você não é um tech bro. você é um trabalhador de fábrica dos dias atuais”. as letras são irregulares, feitas à mão, com estética de graffiti direto e crítico, como um recado para quem passa.

praticamente não importa com o que você trabalha: programação, conteúdo, vendas, psicologia, música, saúde, pet shop, bolos, eventos, direito, viagens. no fim todo mundo trabalha para pagar a fatura da nuvem, esse conjunto de computadores gigantes controlados por banqueiros que a gente precisa alugar para conseguir produzir praticamente qualquer coisa em 2025.

computador controlado por banqueiro? simplificando (talvez demais), sim. bigtechs são empilhamentos de bancos de investimento, governados por conselhos controlados por bilionários que decidem, numa mesa silenciosa, se vão A) financiar uma fintech para vender seguro-saúde a entregadores acidentados; ou se B) deixam o SUS e o restante da sociedade bancarem o prejuízo.

alguns chamam isso de inovação. gosto mais da definição clássica: privatizar lucro e socializar prejuízo.

Tecnofeudalism, por Chelsea Saunders

enquanto meia dúzia define os rumos de milhões de trabalhadores, seguimos alugando ferramentas que não nos pertencem. divulgação de negócio por anúncios pagos, assinatura de editor de vídeo e foto, crm na nuvem, gerenciador de tarefas, infraestrutura, email, apps de venda, plataformas para ser visto e poder atrair clientes. cada clique, cada venda, cada post, cada corrida passa por uma fábrica que nós não conhecemos, mas que ela registra tudo sobre nós, alimentando algoritmos de IA, segmentação de audiência e manipulação de massas.

por décadas, os techbros venderam a fantasia de que a economia digital significaria liberdade. em 2025 parece só dependência: um modelo onde o trabalhador paga para acessar as próprias ferramentas de trabalho.

… e tem gente que já analisou e discutiu sobre os poderes de quem controla os meios de produção, e o que fazer diante disso. o nome dos autores me escapa agora, mas deixo os links (link 1; link 2, link3 , link 4).