Preconceito

É normal eu estar andando na rua e ouvir algum ignorante vomitar um comentário estúpido sobre “os crente”. Mais comum ainda é a eterna – e não totalmente mentirosa – comparação entre pastores e ladrões. Dolorido mesmo é estar em uma roda de amigos e ouvir ataques abertos à minha escolha, como projetos de abrir igrejas para ficarem ricos, simulações ridículas de exorcismos, comentários estúpidos por alguém estar de terno e coisas assim, vindas do meu próprio povo (às vezes me pergunto se um bando de asnos são realmente ‘meu povo’).

Até músicas existem! O Gabriel o Pensador que o diga, igreja de enganar otário é tudo igual, meu ovo pra você, manda muito mal às vezes. Filmes também, (não) veja Amarelo Manga, além de ruim é preconceituoso.

Lembro-me de algumas vezes ter visto pessoas com aparência de católicos praticantes[1] usarem o termo “protestante“. Protestante é a puta que te pariu, eu não protesto contra nada[2], sou EVANGÉLICO, com todas essas letras bonitas que você está vendo!

E é assim desde que me lembro ser gente. O pior é que sempre tenho que engolir essas atrocidades totalmente calado, como se não estivesse no lugar, o mínimo que posso dizer é que trata-se de algo revoltante.

Alguns reclamam do nosso hábito de pregar nossa crença pelos quatro cantos do mundo. Mas como iríamos fazer crescer a religião se não a espalhássemos? A Rede Globo de Televisão tenta enfiar seu ‘catolicismo-espírita‘ pela minha goela abaixo todos os dias e ninguém vem me defender, mas o pastor da Record chuta uma Aparecida de gesso e faz-se o maior escarcéu (em horário nobre!). Fodam-se, a estátua era dele, ele bota fogo se quiser. Um dos princípios do capitalismo, que foi derivado da ‘Teoria Liberal’ de John Locke, é: O direito á propriedade privada é natural do homem e foi garantido por Deus quando o Mesmo deu o Éden a Adão, ou seja, se ele comprou, é dele, o cara passa vaselina e enfia no rabo se achar que deve. Ponto[3].

Tem gente que se corta e se chicoteia todo, tem gente que vende tudo o que tem e vai morar em um mosteiro no Tibet, tem quem beije os pés de estátuas de barro, tem quem ore 5 vezes ao dia, tem quem se explode, tem quem cante mantras, tem quem cole pedrinha na testa, tem quem faça tudo isso junto, tem quem não faça coisa alguma, tem quem dê o dízimo e vá à igreja 3 vezes por semana. Difícil aceitar isso?

Se você faz piadinhas com qualquer religião, por favor, pare com isto. A partir de hoje não vou mais tolerar nenhum tipo de brincadeira ou comentário maldoso com nenhuma religião, a reação pode ser desde algumas palavras de cunho moral até minha retirada do recinto, depende do meu humor e de quem é o engraçadinho.

Mas você já ouviu aquela piada do judeu que encontrou o hindu comendo carne de porco? Há há há!

[1] Odeio ter que usar a expressão ‘católico praticante’, pra mim, católico que não vai à igreja não é católico e pronto, ‘não praticante’ é só jogada de marketing para engordar estatísticas mentirosas.

[2] Tá, eu protesto contra várias coisas, mas meus protestos não constituem uma religião.

[3] Sim, eu estou com bastante raiva no momento em que escrevo estes parágrafos.